Todo mês, cerca de 80% das mulheres sofrem com a chegada da menstruação. Mas o que poucas sabem é que as famosas cólicas podem camuflar sintomas de doenças que chegam a causar até mesmo infertilidade. No caso da endometriose, uma mulher de 30 anos diagnosticada com a doença, por exemplo, que sofre de dores que nem mesmo com analgésicos e repouso melhora, já começou a sentir os sintomas com 23. O tempo do início das queixas e diagnóstico é de aproximadamente sete anos. Estas cólicas exageradas também podem estar relacionadas com enxaqueca, anemia, asma, insônia, artrite, epilepsia, pneumotórax. Mas como perceber quando a menstruação está virando uma doença?
Se a cólica menstrual insiste em resistir mesmo depois de um forte analgésico e a troca de absorvente precisa ser feita de hora em hora já pode ser um alerta. Se as dores abdominais e os incômodos persistirem durante as relações sexuais e ainda causarem alterações intestinais, pode ser grande motivo de preocupação. E se as fadigas intensas durante os ciclos menstruais e os fluxos alternados entre fortes e moderados vierem acompanhadas por dores de cabeça é porque já passou da hora de procurar um médico.
O especialista em saúde da mulher, Dr José Bento de Souza, explica que no caso da endometriose, por exemplo, ocorre quando a mulher não engravida e o endométrio – responsável por abrigar o óvulo fecundado – é eliminado durante a menstruação em locais fora do útero, causando a doença. “Muito comum na idade reprodutiva, a endometriose é a maior causa de infertilidade e afeta de 10% a 15% das mulheres”, explica o médico. A doença surge normalmente nas primeiras menstruações, por isso pode ser diagnosticada precocemente e assim tratada pelo uso de pílulas anticoncepcionais, que bloqueiam a ovulação. “A endometriose pode causar ainda durante a menstruação fortes cólicas que fazem muitas mulheres irem parar no hospital. O que não pode é achar que isso é normal”, afirma o médico.
Uma das maneiras que se tem de controle da endometriose é com o uso de métodos contraceptivos hormonais. É preciso ter um acompanhamento médico mesmo quando se pretende parar com o anticoncepcional para tentar uma gravidez. “Muitas mulheres suspendem o anticoncepcional por conta própria, achando que ele pode ser o “problema” ou a “solução” para os incômodos da menstruação. Cada organismo age de uma maneira diferente e há soluções para cada um dos ciclos perturbadores. Hoje em dia já existem inúmeros tratamentos para as mulheres que querem engravidar e para as que pretendem adiar, basta fazer o uso de contraceptivos de maneira segura, seja ele qual for”, explica o ginecologista acrescentando que “os ciclos menstruais precisam ser saudáveis e controlados e não representarem um problema mensal para as mulheres”.
Fonte: Dr. José Bento de Souza, especialista em reprodução humana e saúde da mulher
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