terça-feira, 3 de julho de 2012

Demência parecida com Parkinson e Alzheimer tem cura, porém diagnóstico é o maior desafio

Você já ouviu falar em HPN? A sigla significa Hidrocefalia de Pressão Normal e é um tipo de demência que aparece em homens e mulheres a partir dos 65 anos e uma das poucas que tem tratamento eficaz. Se for diagnosticada cedo, uma simples cirurgia já oferece vida normal.

Mas é aí que vem a dificuldade. O diagnóstico não é fácil. Isso porque os sintomas, como dificuldade em andar, incontinência urinária e esquecimento, são também sintomas de doenças mais comuns, como o próprio Alzheimer e Parkinson.

E quando estes sintomas aparecerem, a própria família “pensa” que é coisa da idade, que é normal, e acaba prejudicando a qualidade de vida do idoso. Dr Fernando Gomes Pinto, neurocirurgião e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), explica que exames de imagem, como a tomografia de crânio e a ressonância magnética de encéfalo, permitem a visualização do cérebro, que mostra se há ou não a HPN.

“Se pensarmos que a população brasileira está envelhecendo e a expectativa de vida aumentando, casos HPN vão aumentar também”, revela Dr Fernando, acrescentando que “em um estudo epidemiológico realizado na Noruega em 2005, a incidência determinada foi de 5,5 casos novos a cada 100 mil habitantes por ano. Aplicando este número aqui no Brasil, isto representa 11 mil casos novos de HPN por ano no País”, destaca.

Desde 2007, o médico está a frente do Grupo de Hidrodinâmica Cerebral do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, que reúne neurocirurgiões, neuropsicólogos, fisioterapeutas, urologistas e enfermeiros, que juntos oferecem um serviço diferenciado aos idosos do Brasil. Durante o período, já passaram mais de 6 mil pacientes  pelo atendimento e cerca de mil pessoas foram diagnosticadas com hidrocefalia. Destas, 25% eram realmente HPN, fizeram o tratamento e hoje estão curadas e levam vida normal. Além disso, cerca de oito pesquisas clínicas estão sendo realizadas atualmente para o progresso científico do tratamento da hidrocefalia.

“Nossa principal intenção é alertar a população que esta doença tem cura e conscientizar os profissionais de saúde quanto ao diagnóstico precoce e tratamento eficaz para melhor qualidade de vida do idoso”, conclui Dr Fernando.

O problema

O cérebro é banhado por um líquido especial chamado líquor. Este líquido é produzido dentro das cavidades naturais do encéfalo, chamadas ventrículos. A taxa de produção diária de líquor, num adulto saudável, é de aproximadamente 450 mL/24 h. Este líquido é reabsorvido na mesma taxa de modo que o cérebro é constantemente lavado por dentro e por fora. Isto promove proteção mecânica , que funciona como uma bolsa de água capaz de absorver impactos externos ao crânio, proteção neuroquímica, carreando neurotransmissores e toxinas) e proteção  biológica, que carrega células imunológicas capaz de defender o cérebro de micro-organismos patogênicos. Quando há alteração neste trânsito liquórico, seja pelo aparecimento de um tumor derrame, meningite, trauma de crânio ou desconhecida, este líquido é represado e causar a hidrocefalia. O cérebro passa a ser comprimido de dentro para fora, acarretando mau funcionamento e alterações neurológicas.

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