Mas é aí que vem a dificuldade. O
diagnóstico não é fácil. Isso porque os sintomas, como dificuldade em andar,
incontinência urinária e esquecimento, são também sintomas de doenças mais
comuns, como o próprio Alzheimer e Parkinson.
E quando estes sintomas aparecerem, a
própria família “pensa” que é coisa da idade, que é normal, e acaba
prejudicando a qualidade de vida do idoso. Dr Fernando Gomes Pinto,
neurocirurgião e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN),
explica que exames de imagem, como a tomografia de crânio e a ressonância
magnética de encéfalo, permitem a visualização do cérebro, que mostra se há ou
não a HPN.
“Se pensarmos que a população brasileira
está envelhecendo e a expectativa de vida aumentando, casos HPN vão aumentar
também”, revela Dr Fernando, acrescentando que “em um estudo epidemiológico
realizado na Noruega em 2005, a incidência determinada foi de 5,5 casos novos a
cada 100 mil habitantes por ano. Aplicando este número aqui no Brasil, isto
representa 11 mil casos novos de HPN por ano no País”, destaca.
Desde 2007, o médico está a frente do Grupo
de Hidrodinâmica Cerebral do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
que reúne neurocirurgiões, neuropsicólogos, fisioterapeutas, urologistas e
enfermeiros, que juntos oferecem um serviço diferenciado aos idosos do Brasil.
Durante o período, já passaram mais de 6 mil pacientes pelo atendimento e
cerca de mil pessoas foram diagnosticadas com hidrocefalia. Destas, 25% eram
realmente HPN, fizeram o tratamento e hoje estão curadas e levam vida normal.
Além disso, cerca de oito pesquisas clínicas estão sendo realizadas atualmente
para o progresso científico do tratamento da hidrocefalia.
“Nossa principal intenção é alertar a
população que esta doença tem cura e conscientizar os profissionais de saúde
quanto ao diagnóstico precoce e tratamento eficaz para melhor qualidade de vida
do idoso”, conclui Dr Fernando.
O problema
O cérebro é banhado por um líquido especial
chamado líquor. Este líquido é produzido dentro das cavidades naturais do
encéfalo, chamadas ventrículos. A taxa de produção diária de líquor, num adulto
saudável, é de aproximadamente 450 mL/24 h. Este líquido é reabsorvido na mesma
taxa de modo que o cérebro é constantemente lavado por dentro e por fora. Isto
promove proteção mecânica , que funciona como uma bolsa de água capaz de
absorver impactos externos ao crânio, proteção neuroquímica, carreando
neurotransmissores e toxinas) e proteção biológica, que carrega células
imunológicas capaz de defender o cérebro de micro-organismos patogênicos.
Quando há alteração neste trânsito liquórico, seja pelo aparecimento de um
tumor derrame, meningite, trauma de crânio ou desconhecida, este líquido é
represado e causar a hidrocefalia. O cérebro passa a ser comprimido de dentro
para fora, acarretando mau funcionamento e alterações neurológicas.
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