Nada de dois pra lá dois pra cá, passinhos ritmados e altas performances. A Dabke, dança criada pelos fenícios há mais de seis mil anos, junta a conhecida fila indiana, dança de roda e fortes batidas de pé. E não precisa ser nenhum John Travolta e atuar como Tony Manero em “Os Embalos de Sábado à Noite” para entrar no ritmo. A diversão é criar os próprios passos e interagir com outras pessoas.
A palavra dabke quer dizer “bater o pé no chão”. A dança é praticada no Líbano, Síria, Jordânia e Palestina. Por aqui, ela ganhou o bom e velho jeitinho brasileiro, misturando várias tradições nacionais, desde a Dança Gaúcha até a menos conhecida Caranguejo, uma dança de roda do século dezenove onde a troca de pares é fundamental. “A ideia é dançar sem ter a preocupação de estar no ritmo”, explica Bil Rajab, proprietário do Alibabar Bar e Chopperia, acrescentando que “a dabke faz da pista um lugar totalmente interativo para conhecer pessoas, dar risada e extravasar emoções”. A Noite Dabke acontece todas às quartas-feiras na casa, na zona norte de São Paulo.
Em fila ou em uma imensa roda, eles e elas dão as mãos e começam a criar passos com batidas dos pés, giros e pulos. Os mais hábeis arriscam até movimentos mais intensos, como pequenas viradas. O homem pode sair da roda, por exemplo, e dançar ao lado da mulher, fazendo passos sozinho ou também desafiando as outras pessoas, como nas tradicionais rodinhas de dança. A diferença é que aqui a melodia é embalada pela música típica árabe, com a vantagem da maioria das pessoas não conhecerem a dança, o que favorece a entrega total na dança, já que cada um vai criar os seus próprios passos. A única coisa que é obrigatória é se divertir.
História
Desde os tempos dos fenícios (cerca de 4.000 a.C.), a cobertura de telhados planos nas casas do Oriente Médio era feita de ramos cobertos com lama. Na mudança de estação entre o outono e o inverno, a dilatação proporcionava rachaduras nessa cobertura, fazendo com que as chuvas de inverno trouxessem vazamentos. Por isso, os proprietários das casas pediam ajuda aos vizinhos para recompor a mistura. Todos subiam ao telhado para recompactar a lama, fazendo com que penetrasse em todas as frestas, a fim de evitar os vazamentos. Com o acompanhamento de um Derbake (instrumento de percussão) e uma flauta Mijwiz, os homens se distraiam no ritual das batidas e assim podiam compactar os telhados de suas aldeias e das vizinhas, mesmo sob o frio e a chuva. Mais tarde, um rolo de pedra substituiu os homens que, no entanto, já acostumados, continuavam a bater os pés pelas ruas.
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