quarta-feira, 2 de julho de 2014

Estudo revela que a depressão pós-parto afeta quase 40% das brasileiras

Ela é uma doença “democrática” que afeta mulheres de todas as cores, idades e classes sociais e já se tornou um problema de saúde pública. Estamos falando da depressão pós-parto, um problema tão comum quanto tratável e que tem prevalência no Brasil em torno de 12 a 19%, com estudos que indicam que até 40% das brasileiras sofrem deste mal após o parto e, destas, apenas metade recebe o diagnóstico nas consultas clínicas.

A psiquiatra Dra. Lygia Merini, explica que o diagnóstico da depressão pós-parto não é fácil entre os profissionais de saúde, especialmente porque isto não é dito de forma tão clara pelas mulheres, e que há uma intensa influência hormonal na alteração de humor. “É ainda mais prevalente o ‘blues puerperal’, que é uma forma leve da depressão na qual a mãe apresenta tristeza e irritabilidade. Entre 50 e 85% das mulheres em pós-parto desenvolvem esse sentimento que é um indício de que a depressão pós-parto pode se instalar na vida daquela mulher”, conta.

O tipo de parto – natural ou cesárea –, o sexo do bebê e até mesmo o fato de a mãe amamentar ou não a criança não exercem influência na presença da depressão pós-parto: “um estudo realizado por pesquisadores brasileiros de universidades distintas mostrou que essa relação não existe. Tanto que, das 115 mães estudadas, 67 daquelas que foram diagnosticadas com depressão pós-parto tiveram parto normal e 48 passaram por cesárea, demonstrando que o tipo de parto não exerce influência direta na condição depressiva. É uma doença séria e complexa”, diz a psiquiatra.

Apesar do tabu que existe no tema, já que se espera que o nascimento do bebê seja um momento de plena felicidade, a depressão pós-parto tem tratamento, tanto com terapia quanto com medicações que podem ser usadas na gestação e na amamentação. “O diagnóstico e o tratamento precoces são de extrema importância, pois o não tratamento pode levar a um impacto negativo na relação mãe-bebê”, completa a médica.
Sobre a Dra. Lygia Merini
Psiquiatra graduada em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com residência médica pela Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP) pós graduanda pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e treinamento em Pesquisa Clínica concluído pela Universidade de Harvard (Harvard Medical School - EUA).


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