Os jornais e revistas que estavam acostumados a ver suas bases de assinantes diminuírem, perceberam a oportunidade de conquistar novos leitores com a chegada do iPad e em seguida de diversos outros tablets. Só em 2010 foram vendidos 18 milhões de tablets no mundo. No Brasil, a estimativa é de terminar este ano com a venda de 1 milhão de itens.
A corrida para ocupar um espaço, inicialmente, na App Store fez com que muitos editores se mobilizassem para ter suas publicações disponíveis nessas lojas o quanto antes. Em todo o mundo, a App Store tem disponível 450 mil aplicativos diversos, que vão desde games a jornais e revistas. O novo mercado oferece a oportunidade de mudar a rentabilidade dos jornais e revistas com uma nova base de assinaturas e publicidade digital.
No fim da década de 90, quando a internet comercial dava os primeiros passos no Brasil, os banners em sites de jornais e revistas eram oferecidos como brindes. O mercado se acostumou a não reconhecer a mídia online com prestígio e isso reflete nos investimentos até hoje. “Definitivamente, esta parece não ser uma boa referência de modelos de negócios. Temos a oportunidade de olhar para os tablets, de uma maneira muito revolucionária e inusitada”, diz Youssef Mourad, CEO da Digital Pages, empresa especializada em publicações digitais em multiplataformas.
A publicidade online não gera rentabilidade suficiente ou satisfatória para os jornais e revistas. As vendas de espaços publicitários nas versões impressas geram receitas superiores aos números de venda de banners por CPM (Custo Por Mil impressões). Mas é fato que as ações em mídia digital vêm ganhando peso. Só no mês de março deste ano, 4,64% do bolo publicitário foi destinado à mídia digital, enquanto no meio impresso, os jornais alcançaram 12,9% e as revistas 6%. No entanto, a participação dos jornais caiu de 21,2% em 2001 para 12,4% em 2010, enquanto a internet saltou de 1,5% para 4,6% no período de 2001 a 2010. Um Estudo da PriceWaterHouseCoopers apresentou um faturamento de US$ 150 milhões em versões digitais de jornais na América do Norte, em 2010.
A publicidade na mídia digital cresce ano a ano. Mas para não cair no mesmo erro das vendas de banners, o aplicativo precisa ser planejado e bem definida sua verdadeira vocação. Se o aplicativo for entregar a edição fac-similar da versão impressa, vale considerar que este modelo preserva o conceito papel/tablet, seguindo a edição de começo, meio, fim e data. Neste caso, a edição é passível de cobrança como exemplar avulso, ou assinatura e a publicidade pode ser explorada pela mesma prática da versão impressa do jornal ou revista.
No entanto, se o aplicativo apenas entregar o conteúdo do site, jornais e revistas devem ter a consciência de que o objetivo de negócio passa a maximizar audiência e explorar espaços publicitários na lógica dos banners vendidos por volume de impressões. “Como o iPad também tem o Safári onde o site pode ser acessado, oferecer dois caminhos para o mesmo lugar no dispositivo, acaba gerando redundância de esforço e confusão para o leitor.” ressalta Mourad.
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